Caracterização da escola e dos alunos

A escola

O Colégio Estadual PM tem sede no município de Caiapônia-GO que, segundo os dados do IBGE (2010), possui uma área de 8353,2 km² e pertence, de acordo com a figura 1 a seguir, a Mesorregião Sul Goiano e Microrregião do Sudoeste de Goiás, conta 16.757 habitantes, com estimativa de 17.962 para o ano de 2014. Sua localização está expressa na Figura 3 a seguir. Do total de habitantes do ano de 2010, quase 16% daqueles com idade igual ou superior a 10 anos concluíram o Ensino Fundamental, um índice superior ao da capital do estado.

O município conta com 4 (quatro) escolas estaduais, sendo que duas delas oferecem, além dos anos finais do Ensino fundamental, o Ensino Médio. Além destas escolas, existe uma escola particular que oferece desde o Maternal até o nono ano do Ensino Fundamental.

Figura 3 – Localização do município de Caiapônia-GO.

Fonte: IBGE, 2014.

Analisando alguns dados obre a educação no município, notamos que, das 1.384 pessoas entre 10 e 14 anos residentes no município de Caiapônia, 1.345 frequentava a creche ou escola. Estes dados representam mais de 97% dos habitantes nesta faixa etária na escola, números que estão à cima da capital do estado, sendo que Goiânia conta do menos de 97% de seus habitantes nesta mesma faixa etária na escola (IBGE, 2010).

O colégio é vinculado à Subsecretaria Regional de Educação de Iporá-GO (Figura 2), a qual tem 26 escolas distribuídas nos municípios de Amorinópolis (2 escolas), Caiapônia (4 escolas), Diorama (2 escolas), Doverlândia (2 escolas), Iporá (12 escolas), Israelândia (1 escola), Ivolândia (1 escola), Jaupaci (1 escola) e Palestina de Goiás (1 escola). As cidades ligadas à subsecretaria de Iporá estão destacadas a Figura 4 a seguir.

Figura 4 – Subsecretaria Regional de Educação de Iporá-GO

Fonte: Goiás, 2014.

O colégio Estadual PM foi criado por meio da lei de denominação n. 8.238 de abril de 1977 e recebeu este nome em homenagem a um chefe político local, ex-prefeito em dois mandatos. O colégio já havia sido regularizado em 14 de março de 1975 pela resolução n. 201 de 03 de dezembro de 1975 pela Secretaria de Educação. O Conselho Estadual de Educação expediu a resolução n. 201 de 03 de dezembro de 1981 com todos os atributos físicos que o colégio contava na época.

A escolha da escola se deu muito pela afinidade do pesquisador com toda a comunidade escolar por ter sido aluno do Ensino Médio e ter ministrado aulas como professor substituto. Mas, além disso, o Laboratório de Informática é um dos mais completos dentre as quatro escolas, mesmo com todas as deficiências encontradas, desde falta de equipamentos como teclados e mouses até a inexistência de técnicos de informática, foi possível aplicar as atividades de forma satisfatória, conseguindo alcançar todos os alunos. Este fato exigiu do pesquisador reestruturar as atividades que haviam sido planejadas e organizar todo o laboratório que estava com os equipamentos desinstalados, já que a escola havia passado por uma reforma em todo o prédio. As figuras 5, 6, 7 e 8 a seguir mostram um pouco da estrutura da escola.

Figura 5 – Visão externa do Colégio Estadual PM

Fonte: Foto tirada pelo pesquisador, 2014.

Figura 6 – Pátio do primeiro corredor do Colégio Estadual PM

Fonte: Foto tirada pelo pesquisador, 2014.

Figura 7 – Pátio do segundo corredor do Colégio Estadual PM

Fonte: Foto tirada pelo pesquisador, 2014.

Figura 8 – Pátio da cantina e bebedouros: acesso ao segundo corredor, LIE e aos banheiros

Fonte: Foto tirada pelo pesquisador, 2014.

A escola conta com turmas das séries finais no Ensino Fundamental e com o Ensino Médio, o funcionamento são nos períodos Matutino, Vespertino e Noturno. A secretaria do colégio (Figura 9) funciona durante os três períodos e conta com 4 (quatro) funcionários efetivos. A sala onde a secretaria do colégio está instalada era a entrada do auditório, o pátio foi dividido em salas menores para comportar todos os alunos no período matutino.

Figura 9 – Secretaria do Colégio Estadual PM

Fonte: Foto tirada pelo pesquisador, 2014.

O Laboratório de Informática conta com 25 computadores, dos quais apenas 12 estavam em funcionamento no período da aplicação da proposta, o que fez com que as atividades fossem trabalhadas em duplas ou trios.

Na primeira visita à escola o prédio se encontrava em reforma, os computadores estavam todos desinstalados, a instalação elétrica não estava funcionando pois o Ar Condicionado estava com defeito e originando infiltrações. A situação pode ser visualizada na figura 10 a seguir. A figura 11 mostra o Laboratório após a reforma, dias antes do início da aplicação da proposta a instalação dos equipamentos foi executada pelo pesquisador.

Figura 10 – Laboratório de Informática no período de reforma do prédio da instituição

Fonte: Foto tirada pelo pesquisador, 2014.

Figura 11 – Laboratório de Informática após a reforma

Fonte: Foto tirada pelo pesquisador, 2014.

O colégio recebe alunos da Zona Rural, tendo um maior número destes alunos no período vespertino. Como a escola possui a sala do AEE – Atendimento Escolar Especializado (Figura 12), recebe alunos portadores de necessidades especiais.

Figura 12 – Sala do AEE

Fonte: Foto tirada pelo pesquisador, 2014.

Os alunos

A turma objeto desta pesquisa é o sexto ano do Ensino Fundamental, a escolha da turma está relacionada à visão que os alunos têm da disciplina de Matemática e que, por estarem iniciando os estudos fragmentados, possam ter a Matemática como uma disciplina que, além de muito importante, traga benefícios no desenvolvimento cognitivo destes alunos desde as primeiras séries. Sendo assim, se espera que as dificuldades enfrentadas com esta disciplina sejam transpostas com maior facilidade nas séries seguintes.

A turma conta com 29 alunos, sendo 13 do sexo feminino e 16 do sexo masculino, destes, apenas uma aluna reside na zona rural. Além disso, há uma aluna portadora de necessidades especiais, a qual, segundo o Relatório de Atendimento Psicodiagnóstico realizado pela psicóloga responsável pela Secretaria Municipal de Educação, a aluna possui dificuldade de aprendizado e também dificuldade para se concentrar em atividades, relata ainda que, por informações da família, a aluna apresenta deficiências múltiplas, tendo a saúde muito fragilizada. Logo, a aluna tem um professora de apoio durante todo o tempo e auxilia na locomoção, na higiene e na alimentação. Não foram elaboradas atividades específicas para esta aluna, pois na semana da aplicação da proposta ela tinha consultas com psicóloga e fisioterapeuta impossibilitando-a de comparecer à escola. Segundo a professora de apoio esta situação é corriqueira e que nestes dias de consultas a aluna não frequenta as aulas.

Por meio do questionário sócio-econômico-cultural aplicado com os responsáveis dos alunos, notou-se que são famílias com poder aquisitivo baixo. O gráfico 2 a seguir mostra que a renda de 71 % das famílias destes alunos sobrevivem com até 2 salários mínimos. Isso acarreta vários fatores que impedem um melhor desempenho dos alunos nas aulas.

Gráfico 2 – Renda familiar

Fonte: Dados coletados pelo pesquisador, 2014.

Durante as aulas foi possível notar a simplicidade e humildade de grande parte dos alunos, os quais se sentiam entusiasmados em verem atividades elaboradas exclusivamente para eles. O primeiro encontro, ao apresentar a proposta, foi de grande incerteza, tanto para os alunos quanto para o pesquisador. Os alunos se mostraram instigados em saber o porquê da escolha de sua turma e como seriam estas aulas com o computador. Já no pesquisador surgiu a dúvida de conseguir alcançar crianças tão necessitadas de atenção, levar a elas novas formas de estudar a Matemática e, além de tudo, conseguir controlar a euforia de estudar no Laboratório de Informática conteúdos de Matemática. Isso pois, como mostra gráfico 3 a seguir, 85% dos alunos nunca haviam estudado Matemática no Laboratório de Informática da escola. Logo, a única forma de exposição dos conteúdos é o quadro e o giz, que são tecnologias ultrapassadas que se adaptam ao modo tradicional expositivo de ensinar.

Gráfico 3 – Já utilizou o Laboratório de Informática da Escola na aula de Matemática?

Fonte: Dados coletados pelo pesquisador, 2014.

Este resultado está fortemente ligado aos estudos fora da escola, de acordo com os dados coletados, a metade dos alunos não utilizam o computador para estudar Matemática em casa ou na escola, a outra metade utiliza apenas em consultas no navegador de internet por fotos, vídeos e formas geométricas. Ou seja, não utilizam nenhum software específico para o estudo da Matemática. É um caso preocupante, já que os computadores da escola tem softwares específicos como o Geogebra e, além disso, tem acesso ao Banco Internacional de Objetos Educacionais, que conta com diversas simulações, jogos, softwares e filmes relacionados a várias disciplinas. É nesse momento que o papel do professor é importante, pois é a partir de sua postura enquanto mediador é que estes vários recursos poderão ser utilizados de forma que intervenham em sua prática pedagógica de forma que levem seus alunos a se apropriarem dos conceitos estudados de forma mais clara e precisa.

Além deste fator que causou grande euforia no momento da aplicação da proposta, 65% dos alunos nunca haviam estudado Matemática com a utilização do computador, os que já estudaram utilizaram apenas vídeos e textos históricos, não tiveram softwares matemáticos como ferramenta de aprendizagem, como mostra gráfico 4 a seguir.

Gráfico 4 – Já utilizou o computador (notebook, tablet, etc) para estudar matemática?

Fonte: Dados coletados pelo pesquisador, 2014.

Método segundo Hegenberg apud Lakatos e Marconi (2007, p. 44) “é o caminho pelo qual se chega a determinado resultado, ainda que esse caminho não tenha sido fixado de antemão de modo refletido e deliberado”. As autoras ainda afirmam que é um fator de segurança e economia, auxiliando o pesquisador a traçar o caminho a ser seguido. Triviños (2013, p. 112) ainda aponta que “os estudos descritivos exigem do investigador, para que a pesquisa tenha certo grau de validade científica, uma precisa delimitação de técnicas, métodos, modelos e teorias que orientarão a coleta e interpretação dos dados”.

Inicialmente, um levantamento bibliográfico foi efetuado, a fim de desenvolver o referencial teórico para embasar os conceitos de Ensino Desenvolvimental, de Investigação Matemática e dos Procedimentos Metodológicos que foram utilizados no desenvolvimento da pesquisa.

A pesquisa se caracterizou como de campo, pois a investigação foi efetuada no local onde os fenômenos acontecem, já que os alunos foram levados ao LIE da própria unidade escolar, pois a metodologia a ser utilizada exigiu o uso de computadores.

A presente pesquisa adotou o método qualitativo para analisar as práticas dos alunos no decorrer das atividades, já que este método é adequado a situações em que se deseja conhecer mais sobre o fenômeno estudado. O método quantitativo foi utilizado para analisar os perfis educacionais dos alunos para fazer um estudo socioeconômico de sua família, que serviu de apoio para elaborar as atividades.

De acordo com Gil (2007), o tipo da pesquisa deve ser classificado em seus procedimentos metodológicos com base em seus objetivos, com base nos procedimentos técnicos utilizados na coleta e quanto à fonte de informação, e que dentro de cada uma dessas tipologias existem diversas subdivisões, originando vários tipos de pesquisa, cada qual com suas características e peculiaridades próprias.

Assim sendo, quanto aos objetivos, a pesquisa foi descritiva, pois para Bodgan e Biklen (1994) citados por Borba e Araújo (2013, p. 25) “os investigadores qualitativos interessem-se mais pelo processo do que simplesmente pelos resultados ou produtos” e “a investigação qualitativa é descritiva”, mostrando que esta é a maneira mais prática para descrever os fatos ocorridos durante a investigação.

A pesquisa foi um estudo de caso que, segundo Lorenzato e Fiorentini (2012, p. 110)

O caso não significa apenas uma pessoa, grupo de pessoas ou uma escola. Pode ser qualquer sistema delimitado que apresente algumas características singulares e que façam por merecer um investimento investigativo especial por parte do pesquisador. Neste sentido, o caso pode ser uma instituição, um programa, uma comunidade, uma associação, uma experiência, um grupo de professores de uma escola, uma classe de alunos ou até mesmo um aluno diferente dos demais que apresente características peculiares.

Para Triviños (2013, p. 133) “entre os tipos de pesquisa qualitativa característicos, talvez o estudo de caso seja um dos mais relevantes” e define como sendo “uma categoria de pesquisa cujo objeto é uma unidade que se analisa aprofundamente”.